Blog Papo de Amiga

    Me lembro de uma das primeiras fotos que tiramos juntos. Eu deveria ter uns 3 anos e estávamos em Goianésia (GO). As meninas, que já eram mais velhas que eu - com seis anos de diferença - subiram na árvore e pensei em pedi-lo para fazer o mesmo. Mas sabia que ele não deixaria e que seu argumento seria o fato de eu ainda ser criança e a façanha terminaria em um machucado. 

    Me contentei em subir no banco da praça e segurar minha bolinha vermelha com uma mão, enquanto segurava a dele com a outra. E assim, a cena foi registrada. 

    Nós ainda viveríamos uma vida inteira pela frente. 

    Foram tantos momentos juntos, em família, com brincadeiras, risadas, trocas de presentes, e, convenhamos, ninguém sabia presentear igual a nós dois! Na verdade, foi uma história vivida juntos, na qual, ambos éramos protagonistas, cada um dê sua própria narrativa. 

    Até que um dia, uma doença chegou e abalou todas as estruturas, não de apenas uma pessoa, mas de várias vidas que se interligavam. A verdade é que ninguém nunca imaginou que isso aconteceria e não soubemos lidar com sabedoria. 

    Lembro de não querer ir ver ele, pois sabia das suas limitações e não estava preparada para a cena. Lembro também de pensar que logo sua melhora chegaria e eu poderia esperar esse período passar para desfrutar novamente de sua companhia. 

    Bom, esse momento nunca chegou e quando percebi que as coisas jamais voltariam ao que eram, era tarde demais. Nunca aproveitei seus últimos dias como queria e deveria: ficando ao seu lado, ouvindo sua pilha de discos de vinil como sempre falávamos e estando presente no momento mais difícil que ele já enfrentou. 

    Nunca entendi por qual motivo sua ida foi tão dura e dolorosa. Não sei como as coisas irão ficar daqui pra frente, pois um dos pilares da nossa família foi retirado. 

    Sei que ele sempre será "a maior saudade de todos os tempos" e não tê-lo abalou minha fé. Sei também o quanto orei para que ele não nos deixasse e como queria comemorar mais um aniversário ao seu lado, afinal, 17 de dezembro sempre foi marcado por uma visita. 

    Agora, tenho a certeza de que nunca mais serei plenamente feliz, pois é impossível sentir a felicidade genuína sem ele ao nosso lado. E seguimos aqui, tentando achar uma maneira de nos encontrar nos dias perdidos em que uma ausência faz tanta falta. 

    Esse relato é para mim, para minha família e para os meus amigos. Ele é também para todas as pessoas que perderam alguém que amava muito e sabem como a saudade pode ser predominante e dolorosa. 

Se sintam a vontade para compartilhar comigo a dor de vocês. Eu entendo todos vocês. 

Com sinceridade, Lara Duarte.

4 Comentários

  1. Um dos textos mas lindos que li, se não o mais! Quantas saudades em cada palavra, que emoção é reviver os tantos momentos juntos que tivemos o previlégio de estar com ele.
    Pra sempre saudades!😭

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  2. Sei como é... Muitos dos que amo, já se foram

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  3. Te entendo, nada preenche aquele vazio pela pessoa que amamos. Aconteceu comigo, sei que a vida fica meio sem sentido mais procurei renovar minha forças em Deus.

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  4. Te entendo, nada preenche aquele vazio pela pessoa que amamos. Aconteceu comigo, sei que a vida fica meio sem sentido mais procurei renovar minha forças em Deus. Cida Duarte

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