Dizem que mulheres tem um tal de “instinto” ou sexto sentido. Mas, será que ele sempre funciona, ele sempre acerta?


Dia 12 de junho, a data mais temida pelos solteiros, principalmente aquele solteiro que está louco para mudar seu status de relacionamento, ou seja, eu.

Para piorar a situação, trabalho em um shopping e quem trabalha ou trabalhou em lojas de departamento sabe o quanto é desesperador estar solteira(o) no shopping em pleno Dia dos Namorados.

Trabalho em uma loja de joias, parcelo compras por mais meses que a duração do relacionamento. No meu intervalo, procurei uma escada mais afastada de todo aquele romantismo e sentei para lanchar.

Enquanto pensava em minha solidão, um homem lindo e charmoso subia as escadas. Seu olhar encontrou um ponto fixo em mim, um olhar que tirava meu fôlego. Ele parecia estar emergindo da capa de uma revista.

“Em uma data tão bonita como essa, você deveria ter ao seu lado um homem que fizesse jus à sua beleza.”

“Hãn…” - eu não acredito que ia começar a gaguejar como uma colegial – “É.. é que…”

“Eu bem que poderia ser esse homem.”

A maneira direta como ele falou me pegou de surpresa e me despertou do meu transe.

“Eu estou bem, obrigada.”

Essa simples recusa o fez se sentir desconfortável, o que me fez crer que ele era um homem que não sabia o que significava rejeição.

Apesar da beleza estonteante, havia algo estranho nele, um olhar frio e um sorriso com uma pitada de maldade.

Corajosamente voltei correndo para o trabalho pensando que jamais o veria novamente. Engano meu.

Os dias se passaram e uma vez ou outra ele aparecia com aquele sorriso maravilhoso, ou maldoso? Sinceramente, acho que estava criando paranóias na minha cabeça. Meu instinto dizia que eu não deveria confiar nele, mas por outro lado eu achava que me sentia assim por não me achar digna de ser notada por ele.

Seis meses depois, lá estávamos nós. Dois bons amigos, minhas reservas quanto a ele praticamente não existiam mais e o status de amigos logo mudaria, pois com um lindo anel na mão, me pediu em namoro. Um homem carinhoso, atencioso, cavalheiro, inteligente, digno de ser comparado aos heróis dos livros. Qual motivo eu teria de recusar seu pedido? Nenhum!!!

Aceitei o pedido de namoro, de casamento e a minha vida tinha atingido um êxtase de felicidade que jamais achei possível existir.

Fomos passar a lua de mel em Fernando de Noronha, meu sonho desde criança. Foram dias maravilhosos, meus instintos estavam completamente errados, meu marido era um homem incrível.

No último dia, deitei para descansar antes de viajarmos e acabei adormecendo. Quando acordei, senti uma sensação estranha, o mundo girava ao meu redor, não conseguia me levantar.

Olhei para a porta e lá estava ele, lindo e um sorriso perverso, mais perverso do que na primeira vez que o vi.

Me lançou um beijo e percebi uma dor lancinante no abdômen, uma dor que nunca senti antes.

Olho para minhas mãos e me assusto, pois estão ensanguentadas, as mãos dele também estão, a diferença é a faca afiada pingando sangue, sangue fresco, meu sangue. Sinto a vida fugindo de mim e como um filme, lembro das desconfianças, de tudo que pensei quando o conheci.

Minha visão está turva, mas vejo a sombra de seus movimentos, movimentos lentos e precisos, como um predador. Claro, ele é o predador, eu fui sua caça.

“Você me deu um pouco mais de trabalho meu bem, demorei pra te conquistar, tive que me casar com você, mas a caçada valeu muito a pena, talvez tenha sido meu maior feito, posso até dizer que te amei, tivemos momentos únicos, mas nenhum se compara a esse.”

Havia um fascínio em seu olhar, como quando um cientista tem uma nova descoberta.

“Você... você... voc....”

“Meu amor, por favor, não se esforce. Em alguns segundos você não sentirá mais dor. Vai ficar tudo bem... Eu te amo.”

Quase não sinto o beijo na testa que ele me dá, quase não sinto mais nada, só sinto a vida me deixando aos poucos.

Eu realmente deveria ter confiado no meu instin...

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