Eu estou aqui, sentada e calada, assistindo você se afastar e ir embora, e não ouso contestar sua ida, mesmo sabendo que você nunca mais irá voltar.

E eu gostaria de me opor, mas me perdi na tradução dos nossos diálogos e interpretei mal todas as palavras que você me disse nos últimos meses.

E durante todo esse tempo, pensei que estava em solo firme, caminhando sobre a areia macia e vendo meus pés sendo abraçados por aquele pó brando que tingia minha pele, mas, na verdade, estava a bordo de um veleiro velho, navegando em alto mar.

E estou entendo que, a partir de agora, você não é mais problema meu, mas por que não me deixou uma causa nobre pela qual lutar?

E os próximos dias serão vazios e solitários, pois construí uma ilha só para nós dois, onde eu passava a maior parte dos meus dias, inebriada em uma presença eloquente, que me mantinha em total êxtase de felicidade.

E você me causava a sensação de estar dirigindo há meia-noite, em uma cidade grande e barulhenta, mas agora vejo que sempre estivemos isolados em um lugar afastado, sob a luz de um sol tímido que é ofuscado por um vento gélido.

E eu estou desesperada para te fazer ficar, mesmo não entendo por qual motivo quero tanto isso, mas minha voz e minha força se esvaíram e tudo o que consigo é lamentar sua partida.

E meu grito de socorro foi abafado por um choro silencioso, que escorre pelo meu rosto, salgado como o mar e como toda essa situação que estamos vivendo nos últimos dias.

E essa não é a primeira vez que estou nessa condição.

Eu já assisti esse filme outras vezes e, sinceramente, não gostei nem um pouco do final! 

0 Comentários